sábado, 2 de maio de 2020

O PERIGO DO CORONA VIRUS ENTRE MEUS ÍNDIOS

                   

      Certamente, se não fosse a epidemia do Corona vírus, estaria nestes dias na convivência feliz com os índios Krikati. Entretanto, cupen indo de São Luís, foi recomendado não entrar nas aldeias nestas incertezas e na regra do isolamento social. Embora todos eles com sistema imunológico pronto para superar vírus como de gripe comum e outras doenças, se teme um vírus novo, desta proporções de contágio e morte, atingir um povo minoritário como os Krikati. Nem consigo imaginar esse mal e impacto. Eles, numa possível transmissão, na busca de tratamento, até medo de ficar em UTI possuem, e tal aparelho só em Imperatriz, 100 km de distância.

      Assim, não posso nestes dias ir pra lá – mesmo não tendo problemas com o CONVID 19.

    A ausência dos meus Krikati causa saudade, e com o avanço desse vírus no entorno do território deles, nas cidades dos cupen, me deixa um pouco apreensivo. Ontem, o amigo Machado, de Sítio Novo, 9 km distante da aldeia que moro, me contou existir 7 casos suspeitos no lugar, mais 7 em isolamento e 1 caso comprovado. Em Montes Altos, outra cidade próximo da aldeia, também muito frequentada pelos índios, graças a Deus, ainda nenhum caso comprovado, nem suspeito. Menos preocupação.


    Porém, outra preocupação, de outro vírus mortífero, são as ações letais do presidente Bolsonaro – até mesmo em plena pandemia. A última, a Instrução Normativa nº9/2020, publicada no Diário Oficial da União (DOU), dia 27/04, alterou a Declaração de Reconhecimento de Limites, entre propriedade privadas com terras indígenas. Agora invasor branco dentro de TI não homologada ( e no Brasil temos 237 terras indígenas em processo de homologação) requererá que a terra que não é dele, seja, se sentindo com autonomia para ficar nos territórios nativos, até registrar em cartório, querer vender, como até possuir liberdade para a garimpagem; mais derrubar árvores, causando sérios prejuízos a vida e os direitos dos índios.

     Esse vírus do executivo nacional e perigosíssimo aos índios do Brasil. Não respeita a constituição de 1988 referente ao direito do território dos índios, sua demarcação, homologação e registro, algo que, constitucionalmente, só presidente pode fazer na República. Mas este, em retrocesso histórico, mesmo pregando em campanha eleitoral, afirmava mesmo, não respeitaria o direito dos primeiros habitantes do Brasil de possuírem seus territórios. Se previa sim esse mortal perigo, e mesmo assim, assusta, pois sem seus territórios os índios pedem sua autonomia. 

      O perigo do Corona vírus é novo, tem nos assustado, mas ele vai passar, como passará Bolsonaro, e voltaremos a normalidade, recuperando os prejuízos destes dois vírus.

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