Maria Dalva ( *1926 + 2020) |
Há dois anos, Maria Dalva
Carvalho, morava com seu marido, Matias, na encosta de um morro, numa rua não
planejada do bairro Vargem Redonda. Na sua RG consta que ele nasceu em 1º de
Fevereiro de 1926, tendo assim 94 anos. Porém, seu marido diz que na verdade
ela tinha 83 anos de idade, tendo nascida em 1937.
O mesmo esclareceu o equívoco
da idade real com a do documento, acontecendo no período das aperreações feitas para Dona Dalva se aposentar como trabalhadora rural, ou seja, lhe
acrescentaram anos, dando - lhe mais
11 anos. Enfim, ela foi aposentada, e vivendo desse dinheiro, não ligou para
esse detalhe de data.
Dona Dalva e Matias, seu último marido, são casados há 26 anos. Eles
vieram morar no Garapa vindo do povoado Ermo,
por que sua casa foi queimada
criminosamente.
Pela idade Matias sempre levava Dalva para fazer consultas em hospitais
particulares em Coelho Neto, devido problemas renal e pneumonia dela.
Há menos de dez dias sua esposa
acordou chorando, sentindo dores no lado esquerdo do peito. Veio uma dose “mais
feia do mundo”, que fazia ela se esforça muito para respirar, me contou. Ela não
tinha vontade também de comer nada. Alguns vizinhos ajudaram a doente.
No domingo dia 31 de maio, com o agravamento das dores nas costas e a
torce braba, a SAMU veio lhe pegar. Como o carro não chegava à frente da casa,
Dona Dalva foi conduzida pelo marido e vizinhos, sendo internada no Hospital
Presidente Medice. Dia 2 de Junho,
conforme o médico Eduardo Pinheiro, o teste de COVID 19 deu positivo. Devido, ninguém
poder visitar mais doente, na realidade da contaminação do COVID, seu marido apelava
para vê-la, está com ela no quarto, mais os enfermeiros e o médico lhes
impediram. O mesmo soube que dona Dalva internada teve uma diarreia. Ele ficou
aflitíssimo sem poder ver sua companheira e sem saber o que realmente acontecia. Porém, enfermeiras que cuidavam dela confirmaram a nós que ela foi bem cuidada, recebendo banhos e alimentação, todos vestidos as EPIs. Porém, a insuficiência
respiratória, a pneumonia, se agravaram ferozmente com o coronavírus.
Dia 4 junho, às 12 horas da manhã, ela faleceu. Segundo vizinhos e o
próprio marido, ela nunca saiu de casa desde o surgimento da pandemia. Seu
marido não estava e ainda não apresentou sintomas de COVID 19, como nenhum dos
poucos vizinhos que os visitavam. Entre eles, agora, uma dúvida: onde realmente e como esse vírus a contaminou?
Sem poder ter velório, Dalva foi direto do hospital para o Cemitério São Julião. O
caixão foi lacrado. Seu Matias e os
vizinhos não puderam se aproximar, nem tão pouco ver o rosto, pela última vez, de sua velhinha.
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