Então,
somente dois anos depois de Noleto ter me pedido para ir falar com Sálvio, estando em
Imperatriz no começo de 2019, me desloquei na manhã de 4 de Janeiro até João Lisboa para travar contato e a buscar parceria
intelectual com Sálvio, falando-lhe da minha dissertação entre os Krikati e do Projeto Serra da Desordem.
Muito bem recebido pelo escritor, historiador, político e intelectual Sálvio Dino, contei tudo que sabia sobre a Serra; as explorações feitas e das descobertas inéditas em campo entre os índios, causando boa impressão em Dino, segundo suas próprias palavras, devido ter a coragem e desprendimento em pesquisar o tema na própria Serra. Gentil e afável, conversamos um bom tempo temas afins e o mesmo lamentou que tivesse um compromisso agendado em Imperatriz, mas me disse que não poderia mais estando na região deixar de conversamos, pois o próprio tinha grandes interesses em meu trabalho sobre a Serra, como muito gostava de diálogos com pessoas que faziam essas pesquisas de campo. Voltemos juntos em sua caminhonete para Imperatriz, ficando eu no campus da UFMA na cidade.
Como Sálvio Dino tinha dificuldades de leitura em letras miúdas do celular – a idade havia lhe tirado muito da visão - pediu que lhe enviasse recados para seu gentil motorista Nonato. No qual fiz algumas vezes. Um mês depois, fevereiro de 2019, Dino convidado para proferir uma magnífica palestra na Assembleia Legislativa do Maranhão sobre os "184 anos do Poder Legislativo e a importância histórica das obras raras encontradas no Parlamento", fui prestigia-lo. Depois na confraternização que ocorreu, nós falemos um pouco.
Voltei a Imperatriz em Novembro de 2019 e não pode visitar Sálvio. No corrente ano, devido à pandemia, quando nos preparavamos para voltar ao povo Krikati, fomos impedidos de ir ao território indígena (o COVID 19 então se alastrando, sendo eu branco, poderia ser vetor de contaminação na comunidade indígena), o tal vírus começava mudar meus planos, como a normalidade de todos nós.
Começo de Julho desde ano Nonato, o motorista de Sálvio
me enviou uma mensagem de uatizap que Dino perguntava por
mim, querendo voltar às conversas, pois muito tinha gostado de nossas falas.
Respondi que a recíproca era a mesma, mas devido à pandemia, estava impedido de
ir à região. Pouco depois soube que Sálvio Dino sofre um AVC (me solidarizei através
de Nonato), recebendo informação de melhoras do escritor, alegrando-me por isso.
Na manhã desta
segunda, 24 de Agosto, a triste notícia da
partida de Sálvio Dino, em consequência
da COVID 19, me deixou com um sentimento de
perda. Dos escritores da região tocantina que havíamos planejado trabalhar pesquisas em
conjunto, Adalberto Franklin e ele, partiram sem
concretizarmos os intentos intelectuais - o que é lamentavel - sei que teríamos usufruido momentos e falas magníficas, tornando minha vida rica de relações pessoais significativas. Ambos eram bons
escritores e pesquisadores de primeira grandeza da historiografia sul maranhense - encantadora e riquíssima, no qual estou conhecendo e enveredando em algumas de suas temáticas.
Assim triste, concluo desejando:
Descanse em
paz confrade Sálvio Dino. Com louvor cumpriste sua missão terrena.
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