quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O MEU MAIOR CONTADOR DE HISTÓRIAS - EM MEMÓRIA DO MEU AVÔ


O meu avô Agostinho faleceu há mais de vinte anos, 21 anos precisamente. Pouco na vida, publicamente, falei do meu avô. Não sei exatamente a razão. Talvez seja pelo vazio ainda existente da presença física dele; talvez seja pela dor ainda sentida por sua partida; ou talvez, certo desejo de guardar no meu coração/memória as lembranças dele somente pra mim.

Enfim, realmente, pouco dele falei ou escrevi. Só uma crônica, que está engavetada. Agora, desejo quebrar um pouco desse silêncio e vou contar algo sobre meu avô, de algumas lembranças e momentos juntos, da influência  que  sua vida  causou  na  minha .

Em meados da década de 10 do século XX, uma seca enorme  sobreveio sobre  o sertão nordestino – e Maria Machado – grávida, decide abandonar o Ceará,  fugindo com migrantes  para o Maranhão. Ela retirante, no caminho pariu, ainda em solo cearense, gêmeos,  meu avô e o outro irmão. Em final de dezembro de 1913 ou começo de 1914, encontraram guarita no vale do rio Parnaíba. Então, se fixaram no lugarejo/porto fluvial chamado Garapa. Ali, no Garapa vovô cresceu, casou, criou 12 filhos com muita decência e trabalho.

Em 1970,  alguns filhos morando fora, devido profundas mudanças que os negócios industriais e pastoris das famílias Oliveira e Bacelar causavam no Garapa,  agora  cidade Duque Bacelar, meu avô Agostinho, aos 57 anos, se viu obrigado deixar sua terra, no qual amava, indo embora com todos os seus filhos, mulher, nora, netos e alguns amigos, para São Luís,  em cima de  um caminhão. Fixaram residência no bairro  Alemanha, as margens do rio Anil, subúrbio da capital.

Mesmo estando com todos os  familiares  em São Luís, com exceção de papai Carnaúba ( com família  constituída decidiu ficar em sua  terra),  meu avô que cresceu em ambiente rural, jamais se acostumou com polis grande. Tão certo,  tendo  eles  outro terreno ligado ao quintal da casa na Alemanha,  vovô plantava legumes de roça: milho, feijão, quiabo, etc., tudo orgânico.  Certamente, no seu  interior, em sentimentos e emoções, ele jamais deixou o  campo e o Garapa. Assim, todo ano, viajava pra lá e passava dias na casa dos meus pais na Santana Velha; depois quando meu pai voltou morar na cidade, vovô  iria  também. As suas visitas proporcionaram que eu e os meus irmãos convivessem com ele.  E é aqui que a história da minha vida se interliga com a dele, e confesso: linda foi.

Criancinha, o mais novo de casa, lembro-me dele chegando  no  ônibus “Salete”, no final de outubro, quando viajava a nossa cidade para ascender velas para três filhos falecidos, em tenra idade, no Cemitério Julião, como pra sua mãe no Cemitério da Fazendinha. Quando o ônibus parava defronte a nossa casa, alguém avisava que o vovô tinha chegado. Eu saía correndo com uma alegria enorme pra receber o meu avô. E pegava em suas mãos brancas, entrando  com ele em casa.

Lembro também, acho que entre os cinco  ou seis anos, meu pai me levou a primeira vez pra São Luís, passar as férias na casa do vovô. Nunca esqueço  dessas férias. Sozinho, meu amigo, minha companhia foi ele e a vovó Bernarda.  As cenas vivazes na memória desses dias são ainda coloridas. Meu avô me levou para ver a maré baixar e os caranguejos no mangue, à margem do rio Anil. Da insistência minha pra banhar na chuva, ele me deixou sair e ficar na rua banhando ( mas com ele vigiando da grade da varanda), e o “conselho de banhar até tremer os dentes ”. E então saciado de chuva, dentro da casa tremendo os dentes de frio, ele com muito amor foi pegar a toalha. “Frio né?! Falou, rindo”.

Mas das lembranças as que mais marcaram mesmo foram das histórias contadas. No fundo do quintal da casa na Alemanha tinha uma casinha de um só cômodo que servia de depósito  de objetos e também servia pras reflexões de vovô. Ele se refugiava ali. Se eu não o encontrava em qualquer canto da casa principal, podia ir lá, onde ele tinha o hábito metódico de todos os dias escrever  numa mesa de madeira   de giz,  o dia de cada  mês.  Foi nesta casinha  que  o mesmo  me contou  sobre  uma cobra enorme,  moradora  da casinha,  no qual ele alimentava, quando eu começava mexer nas coisas. Questionador deste cedo, pergunto por ela, a cobra, mas ele me respondeu que a mesma só aparecia com ele. De certo forma, acreditava; achando fantástico ele criar e alimentar uma cobra.

A outra história marcante foi sobre a alma de Duque Bacelar. Lembro que com saudades da cidade ao pronunciar o nome dela, vovô docemente me “repreendia”, com certo mistério e olhar de graça. Aconselhava para não falar o nome Duque Bacelar, se não a alma penada dele poderia vim me visitar durante  o sono. Era pra eu chamar o nome da cidade Garapa, dizia ele. E questionador infantil, perguntava quem era esse Duque Bacelar?  Mas ele não me respondia, escondendo algo. Tais diálogos me causaram grande impressão, pois  Duque Bacelar  para mim era o lugar onde morava, algo sem vida, jamais uma pessoa. Assim, imaginava como a alma penada de uma cidade poderia vim me visitar durante  o sono da noite.

Essa foi a primeira e a única das férias que passei diversos dias com vovô. Nas outras férias ficava só alguns dias, pois alguns irmãos meus estudantes em São Luís, morando na casa de tios, me levavam pra ficar com eles. Também, a partir de 1989  houve uma crise no relacionamento de minha mãe com meu pai, devido um  caso extraconjugal,  tendo  vovô se envolvido na briga,  estando em casa,  fazendo  ele, magoado e orgulhoso, não mais  se hospedasse em nossa casa,   em Duque. E também   meus pais  adquirindo uma casa  para os meus irmãos ficarem estudando em São Luís,  estando na capital, nas férias   ficar mais com eles.

 Após poucos anos, a idade avançada, meu avô teve problemas  com a próstata. Surgiu um câncer. Estando novamente de férias em  São Luís, em janeiro de 1992,  minha irmã Rosa me convidou para visitar vovô.
- “Ele está muito doente”, me falou ela.  “E  talvez você indo embora para Duque sem fazer a visita, não veja mais ele”. E fomos visitar vovô no bairro Alemanha. Lembro-me dele bem debilitado, deitado numa cama, tomando soro e bebendo água de coco. Um tio otimista, animando-o, dizendo que ele ficaria bom. Lembro que tomei a benção de vovô, e que nós conversemos e recordemos de coisas, mas não consigo lembrar o conteúdo delas. Foi meio diferente àquela visita.

Alguns meses após, começo de noite, dia 8 de Agosto, estava no meu quarto calçando um tênis para ir à escola, ouço choros e a notícia de quer o vovô tinha morrido. Senti um aperto no coração. Lágrimas desceram forte, em meus  13 anos de idade. Depois da busca da solução do carro para  se viajar a São Luís, chegando todos  de madrugada. Durante o restante da madrugada e do dia,  me comovi muito com pessoas chorando, principalmente a prima Samia, mas eu não conseguia chorar mais o fim da vida do meu avô. Ao  levarem  seu corpo no final da tarde para o cemitério do Vinhais, havendo   àquela crise última  de lamentos e choros, escondendo –me no primeiro quarto da casa,  chorei sozinho, sentindo  muita dor. Perguntaram se desejava ir ao cemitério, disse que  não. Tive um  medo,  no qual não sei a razão.

Quando chegou a noite, nós os descendentes do vovô que ficaram em sua terra, voltamos para o Garapa. Algo, porém, durante meses se abateu sobre mim pela primeira vez. Luto aos 13 anos de idade. Vovô foi a primeira pessoa na vida que eu amava que havia morrido. Durante alguns meses seguintes, as lágrimas que eu não consegui verter  muito durante o velório, vieram abundantemente, durante meses. E sozinho eu chorava. Menino tímido, ninguém  nunca soube o quanto de sofrimento suportei. Eu amava o meu avô.



Amanhã, dia 6 de Dezembro de 2013, seu meu avô Agostinho Machado estivesse vivo, iria comemoram 100 anos de vida. Ele, o meu avô , nascido  nas estradas secas e sem vida do Ceará. O avô que quando  criança, na casinha dos fundos da casa da Alemanha, contou a história da cobra e da alma penada do Duque Bacelar, pedindo pra não chamar o nome do nosso lugar Garapa, de Duque.

Ele contando àquelas histórias jamais imaginava que exerceriam uma influência intelectual tão forte e marcante em meu pensamento.  Suas histórias, como sementes plantadas em meu ser, e o 'não' dele para a pergunta que fiz aos 5/6 anos, “quem era Duque Bacelar?” - um dia me levariam a ser um dos principais pesquisadores sobre a história desde Duque Bacelar -  o  Duque cidade e  pessoa - como também um apaixonado por histórias de pessoas e as histórias de tudo do mundo.

E tal paixão hoje, não somente dão frutos sociais e escritos, mas também ajudam  criar, de certa forma,  uma nova história em nosso Garapa, sendo assim registrado  outras;  não deixando que essas mesmas histórias, como a própria história do meu avô,  não seja levado com os que se vão, fiquem esquecida  na história e no tempo.

Esse,  o meu avô Agostinho, que vos digo, foi o maior contador de histórias e o mais importante que tive a felicidade de  conhecer e ouvir.

                                                                                      Brasília, dezembro de 2013


                                              
                                                                                  

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

POETA LILI LAGO


            Aristotelino Carvalho Lago, vulgamente Lili Lago, filho de  Antonio Teixeira Lago e Laura Rosa de Carvalho Lago, estes oriundos de Brejo, de tradicionais famílias. O bisavô de Lili Lago, Luis Pereira Lago e o avô Luis Pereira do Lago Junior, foram deputados em diversos legislaturas no Estado do Maranhão. Nascido em 31 de Março 1911 em Buriti, fez as primeiras letras na sua terra, de onde partiu para Teresina-PI cursar o ginásio no emerito Instituto Demóstenes Avelino, fazendo só  até o 2º ano.
            Em Buriti, no exercer de ocupações, Lili Lago foi Tabelião Público do 2º Ofício e fundador da Escola Lili Lago, dedicando-se a formação educativa da juventude. Lili, foi também o primeiro agente nos Correios de Buriti. Casa-se em Outubro de 1944 com Letícia Faria Costa Lago, que fora sua aluna na escola que fundou, tendo originado do consócio os filhos: Carlos Rogério, Adhemar Wallace, Josélia Maria, Getúlio Roosevett e Aristóteles Lincoln Lago, Aristotelino Carvalho Júnior e Allan Acásio.
             Desejando recidir em São Luis, deixa sua terra no ano de 1948. Na capital ocupou os cargos de Secretário e Chefe de Gabinete de diversos prefeitos, chegando a ser em um deles presidente da Comissão de Abastecimento de Preços do Maranhão.
              Desde jovem dedicou-se aos estudos de direito, adquirindo o status de advogado provincionado, tendo assim exercido o ofício nas Comarcas de Buriti, Coelho Neto e Chapadinha. Político, foi getulista no Estado Novo, e sempre militando no PDT.
                 Em vida teve publicado no ano de 1990, o livro “ Meu Baixo Sertão ”,  obra poética dividida em três partes, “ Folclore de Salão”; “ Miscelânia ” e  “ Memórias de minha Infância ”. O livro escrito em  versos de rimas leves e transparentes, cheio de humor, inreverência e saudosismo, o poeta  Lili  descreve as suas vivências  buritiense, com os  episódios da infância e juventude, o cotidiano e a cultura da gente simples de sua terra,  as histórias e os causos; a natureza da chapada, os riachos e morros.
                  Lili Lago  quando organizava  em Buriti o lançamento de  “ Meu Baixo Sertão ”, na noite de 30 de Março de 1990, foi  acometido de um ataque cardíaco fulminante,  que lhe ceifo  a vida. Faltava poucas horas para o poeta completar seus  79 anos,  e dos convites para o lançamento já terem sido enviados aos  amigos e conterânios.  
                 José Moura, amigo saudosista de Lili, também editor de  “ Meu Baixo Sertão ”, pelo SIOGE, confidência  que Lili Lago era um amigo e uma figura humana  formidável. Moura pretendia publicar uma outra obra poética de Lili, mas que após sua morte devolveu o original para a família do poeta. Porém,   como um legado cultural e literário para todos,  temos  em “ Meu Baixão Sertão ”, um testemunho autêntico de um bom poeta,  que lutou por  justiça e defendeu os pobres e trabalhadores, descrevendo em versos cândidos  os sofrimentos e a vida do povo de seu torrão natal. Um poeta cujo viver intenso, apaixonante,  se eternizou na poesia como um menino que nadou no riacho do Morro, catou piqui na chapada, fez grande amigos, bebeu cachaça à fole e  namorou as caboclas e mulatas da terra de Inácia Vaz.
 
Fonte: Vozes Poéticas dos Morros Garapesnes
 

sábado, 9 de novembro de 2013

POETA MOACIR VIANA

                          
              Raimundo Viana era uma criança retirante das secas do Ceará, juntamente com seus familiares, quando encontraram guarida no Boqueirão, centenário povoado e porto fluvial, no fértil vale do rio Parnaíba, no Maranhão. Jovem, Raimundo Viana, em visitas a cidade de Miguel Alves-PI, conheceu e enamorou Remédios Soares trabalhando nos comércios da tradicional família Rego. Casaram em 1933. Três anos depois, nasceu em 28 de Maio de 1936, seu primogênito Moacir. Após o nascimento do filho, Raimundo Viana recebe convite do comerciante Benedito Gonçalves Machado para trabalhar no povoado Garapa, distante 15 km do Boqueirão, passando a ser um dos seus vaqueiros.
               O menino Moacir Soares Viana cresceu na rua principal do Garapa, onde com as professoras do povoado aprendeu as primeiras letras. Chegando à adolescência seu pai consegue que o deputado Raimundo Bacelar lhe der oportunidades em São Luis, visando o continuar de seus estudos e trabalho para o filho. Na capital Moacir não teve muitas oportunidades com os Bacelar. Ele, porém, conseguiu estudar até a sexta série, e sobreviveu  arrendando um pequeno comércio de uma viúva amiga. Em São Luis ele aprende também tocar violão e deu vazão a sua arte poética. Na capital, em 1956, conhecendo uma moça, Sônia Santos, se casam, e logo volta a morar no Garapa, agora cidade Duque Bacelar. O casamento não dura muito. Separados Sonia volta para São Luis com um filho gerado do casamento. Moacir continuou a vida trabalhando como locutor nos altos falantes dos comércios da família Oliveira em Coelho Neto. Solteiro e artista festeiro, se dedica a boêmia e cabarés, declamando seus versos e tocando violão.
               No ano de 1966, o pai de Moacir desgostoso da vida social e política do antigo Garapa decidiu morar na cidade de União - PI , levando consigo toda a família. Nesta cidade Moacir organiza um comércio, trabalhando por conta própria. Nunca deixando sua arte de declamador e violeiro, se apresentava na frente de seu negócio e nas festas de União, acabando despertando paixão nas moças. Dentre elas, Jesus Gomes, que com seus olhos verdes, acaba despertando o coração do poeta. Eles se casam em 1968, gerando três filhos da relação. 
              Em 1971 a família volta para Duque Bacelar. Moacir mais amadurecido, tendo apoiou de membros da família Oliveira, é eleito vereador para o cinquênio de 1977 a 1981. Não conseguindo se reeleger no mandato seguinte, só retorna ao legislativo municipal nos mandados de 1993 a 1996; de 1997-2000 e de 2001 a 2004. Enquanto esteve na política, continuou atuando como artista e poeta. Declamava poemas nos eventos, nas serestas cantava e tocava seu violão. Atuou muito como locutor nas emissoras de rádio locais, onde foi um dos pioneiros do radialismo regional, apresentando o programa Forró da Saudade, na Rádio Tapuio.
           Moacir faleceu em 13 de Junho de 2002, sem deixar obra publicada. Uma perda para a cultura garapense, pois era possuidor de grande talento e autêntico espírito poético. Muitos de seus poemas ficaram manuscritos em folhas de cadernos comuns. Boa parte se perdeu.



terça-feira, 5 de novembro de 2013

POETA VILMAR MACHADO


                         

                                                       
              Neta de Benedito Gonçalves Machado, comerciante e político, que na década de 30 apregoava a criação do povoado Garapa em cidade, nasceu à menina Maria Vilmar Machado Vilar em 24 de Maio de 1948. Afligida aos oito meses por paralisia infantil, desde cedo sua mãe Euzamar Machado, buscando tratamento para sua filha primogênita, viajava com ela para longas temporadas no Rio de Janeiro. Na capital do Brasil, se hospedavam na casa da tia-avó, Maria Conceição Machado, na época Diretora Geral do Banco Brasil. Entre as sessões de tratamento contra a paralisia e recuperação de operações cirúrgicas, a menina Vilmar fora alfabetizada secretamente pela tia aos seis anos.
                  Em 1956, com oito anos, ela sofreu o doloroso golpe de perder a mãe Euzamar. Episódio que viera repercutir em toda sua vida e sensibilidade poética. A morte de Euzamar também afetou toda a família Machado, sendo uma das razões que levou sua avó Candoca Machado a voltar morar na cidade de Buriti, onde Vilmar passou a residir, começando ali seus estudos formais.
                  Na cidade de Buriti estudou no Grupo Escolar Antonio Faria de 1957 a 1960. Aos 10 anos de idade escreveu seu primeiro poema “O Sal”, começando sua produção poética. Enviada pelo pai Vicente Vilar para Grato, no Ceará, fez o Ginásio, estudando em escola de freiras. No Rio de Janeiro, também em escola dirigida por freiras, fez o Clássico na Escola Notre Dame. Formou-se em Direito pela UFPI, em Teresina, com distinção e louvor, em 1974. Logo depois, em 1975, de volta a sua terra, é eleita pela Arena a primeira mulher Prefeita de Duque Bacelar.
                  Como Prefeita trabalhou com afinco pela educação dos bacelarenses, fundando a Escola Euzamar Machado Vilar, de ensino técnico em Magistério, que se tornou uma instituição marcante na educação da cidade. Construiu a Praça Central, a Gruta de Pedras, compondo o Hino de Duque Bacelar em 1977. Elegendo seu sucessor em 1982, Vilmar Machado decidiu residir em São Luis, onde como educadora, a frente da Escola São Judas Tadeu, no bairro Turu, passou a educar as crianças e jovens da capital. Entretanto, nunca abandou politicamente sua terra natal e de contribuir culturalmente. Elegeu-se Vice-Prefeita na chapa de Francisco Carnaúba para o quadriênio de 1989-1992, e recentemente fundou o Grupo Folclórico Boi Majestoso, acompanhado de um bonito CD Musical com letras de sua autoria, em destaque a música “O Milagre do Vaqueiro Antenor” e “ Índia Ribeirinha ”, que exaltam a terra garapense, enriquecendo nossa cultura e cooperando na formação sociocultural da juventude.
                    Na sua vida inteira, em todas as terras que peregrinou para sua formação educativa e mesmo na prática da política, Vilmar Machado sempre se dedicou a produção poética. Muitas vezes escrevendo por encomenda de amigos e admiradores; outras pelo dom pulsando na sua alma, externando assim suas dores, questionamentos e conflitos internos de poeta diante da existência. Além de vasta produção de poemas e músicas, dedica-se também aos gêneros de crônicas e teatro. Suas peças, criativas, recheadas de humor e espiritualidade, são encenadas com sucesso pelos alunos da Escola São Judas Tadeu em São Luis.
                    Porém, essa Emily Dickinson garapense com diversas obras inéditas de peças, crônicas, músicas e poemas: belos, inteligentes e profundos; deve não só a publicação de seus textos a cultura garapense, mas como a cultura literária maranhense em geral.

FONTE: Vozes Poéticas dos Morros Garapenses

segunda-feira, 13 de maio de 2013

CARTA AO BINGÔ - 4 ANOS DA APA DOS MORROS GARAPENSES

Brasília, 19 de Março de 2013
Meu amigo Bingô


         Voltando ao meio-dia de hoje, dentro de um ônibus, para a Chácara que moro na Capital Federal, onde tive que sair para depositar um dinheiro para a compra dos foguetes do aniversário de 4 anos da APA dos Morros Garapenses, pensava no momento, com destaque em em você, dentre todos os demais amigos e militantes que construíram o sonho da nossa Área de Proteção Ambiental. Em você meu coração mais falava, pois os foguetes da alvorada que iniciam as comemorações do aniversário da nossa APA são sua cara de militante ambiental em formação.
        Amanhã, meu fiel amigo Bingó, a APA dos Morros Garapenses completará 4 anos de existência, e pela primeira vez, não estarei na Unidade para viver toda a alegria deste dia. Assim, meus olhos não verão o bolo; não leram as faixas de congratulações; não contemplaram os morros vistos da cidade, nem a cidade vista de cima dos morros. Eles também não verão os ambientalistas pioneiros, amigos e bons companheiros na luta pela preservação das vidas em nossa região; e as crianças envolvidas nas comemorações, meus olhos não verão amanhã.
       Os discursos, risos e falas, todos os sons de alegria de amanhã, também os meus ouvidos estarão privados de ouvir, juntamente com o barulho vitorioso dos foguetes, soltos dos topos dos morros, rumando para a cidade, ruas e casas, onde, ainda longe da pequena polis, estourarão, sem machucar nada e ninguém, e não trazendo nenhum prejuízo a vida, apenas consagrando a realização do nosso sonho verde, que é a vitória dos Morros Garapenses. Outrora vítimas de maus tratos e violações; vítimas até de foguetes levianos, soltos em suas matas com folhas secas no chão, criando fogo e destruindo tudo. Essas e demais ações de ausência de carinho pelos belos morros e suas matas, que não tinham valor nenhum para muitos, senão para os poetas e ambientalistas, não existe mais; pois foram estes, os poetas e os ambientalistas, que em amor mudaram a história dos Morros; criaram uma nova história, onde agora superabunda a vida preservada de todos os seres vivos do torrão natal: as plantas e bichos, lagos, açudes e do   nosso rio, que estão sendo reconstruídas e preservadas.
Estão sendo amadas, e tornam-se exemplo para o mundo de respeito e de amizade pelo meio ambiente natural.
       Então, amigo Bingó, amanhã comemore o sonho/realidade, e pela quarta vez solte os foguetes de cima dos Morros rumo a cidade. Continue essa tradição de jubilo pela preservação da vida.
Escrevo-te, digo de novo: suba os Morros com os voluntários, faça o barulho de vitória
 com os foguetes. Comemorem!!! Celebrem a vitória da sustentabilidade garapense. E vivam essa história amanhã; vivam essa história sempre, pois os cuidados e a luta pela preservação de todas as vidas neste recanto do planeta dependerá ainda de nós, do insistir permanente da construção plena desse sonho.

Do amigo,
Francisco Carlos Machado

UM AMIGO NUMA AGÊNCIA DOS CORREIOS E A VENDEDORA DE LEGUMES DE COELHO NETO NO DISTRITO FEDERAL

 


  Durante a manhã de hoje, sexta feira, 10 de Maio, nestes quatro meses morando no Distrito Federal, experimentei mais uma vez as provas das Providências do Senhor meu DEUS, cuidando de mim. E como ele cuida realmente, pois me ama sem pôr nenhuma condição.
Assim, indo numa agência dos correios na W3Sul, ASA Sul do Plano Piloto, deixar a correspondência de uma missionária amiga, que com a perna quebrada há um mês não poderia fazer, encontrei um amigo brasilienses,   o LUCIANO (ele foi motorista particular de Fernando Collo), que conheci em junho do ano passado, convivendo com o mesmo durante 20 dias em um curso em Goiânia. Fazia 10 meses que não via o Luciano, onde neste interim por nenhum meio nos comuniquemos. Creio muito ser de Deus envia esse amigo no momento em que estava na Agência dos Correios, pois sendo ele da Igreja Metodista, diante de um trabalho em planejamento entre as Igrejas do Distrito Federal, precisava falar em grupos de sua denominação. E o mais bonito  foi à alegria sentida, o recomeçar de nossa amizade cristã, mesmo sendo ele mais velho.
A OUTRA prova das Providências Divinas em minha vida foi um outro ENCONTRO logo depois, cerca de uma hora de encontrar Luciano, mas que se deu na cidade do Guará.
Estava em uma loja e Oficina de Bicicleta, pesquisando preços de pedal para a minha bike, quando ao deixar o estabelecimento, circundei uma pracinha bem arborizada nas redondezas e vi uma banca ao ar livre vendendo bonitos legumes: cenouras, tomates, alfaces, couve, cebolinhas, etc. Encostei a bicicleta, e logo puis a indagar o valor dos produtos. A pessoa, uma mulher de altura mediana, gorda elegante, passou responder. Uma couve flor diferente chamou minha atenção, e perguntei ser couve mesmo. Ela respondeu que sim. Digo-lhe que na minha região não lembrava ter deles.
- Qual sua região, pergunta-me a vendedora?
- Leste do Maranhão, respondo.
- Mas no Maranhão as pessoas não gostam de legumes, diz a vendedora, afirmando com muita propriedade.
- És do Maranhão?
- Sou me diz ela.
- Qual cidade?
- Coelho Neto, responde.
Quando a vendedora falou Coelho Neto, docemente me emocionei.
E indaguei novamente com a emoção na garganta:
- Conhece a cidade de Duque Bacelar?
-Sim, conheço, diz. Como Afonso Cunha, Buriti.
- Oh, minha amiga, falei, sou da região. De Duque Bacelar. É um prazer encontrá-la aqui. É muito bom longe encontrar alguém da nossa região. Eu vou muito a Coelho. Amo Coelho Neto.
E com um sorriso largo na face, sai de cima da bike, fui onde Raimunda Gomes, que estava atrás de sua banca de legumes, deu-lhe um carinhoso abraço.
LONGE, a saudade é mais forte, dói mais intensamente. E encontrar inesperadamente alguém de lugares comuns, da terrinha, se  sente forte emoção.
 E cheio de emoção, eu que tinha inicialmente decidido comprar só alfaces de Raimunda Gomes, comprei mais coisas, cenouras, cebolinha ( que meses não comia) e alegas. E também afirmei um compromisso com a amiga vendedora de Coelho Neto de comprar somente meus legumes em sua banca, onde vende de terça a sexta.
Diz um famoso Salmo que “ o Senhor nos faz verdejar em verdes pastos e nos guia mansamente a águas tranquilas”. SIM, CREIO SEM NENHUMA DÚVIDA, que Deus, no qual eu sirvo é quem cuida de mim.
Ele quis me dar à alegria de Encontrar Raimunda Gomes, coelhonetense, moradora há 25 anos no Distrito Federal, por algumas razões obvias,  que diz respeito a contratá-la para cozinhar e comprar seus frescos legumes no primeiro Encontro dos Garapenses que estamos organizando em Brasília.
E sendo a mesma uma garapense, pois Raimunda mesmo ainda não sabendo deverá logo saber que sua Coelho Neto é hoje uma Área de Proteção Ambiental orgulhosamente chamada GARAPENSE, assim todos nós somos garapenses.
Por fim, em Ação de Graça,  Deus seja louvado por esses dois encontros nesta manhã de sexta feira com o amigo Luciano e a coelhonetense Raimunda Gomes.