quinta-feira, 21 de novembro de 2013

POETA LILI LAGO


            Aristotelino Carvalho Lago, vulgamente Lili Lago, filho de  Antonio Teixeira Lago e Laura Rosa de Carvalho Lago, estes oriundos de Brejo, de tradicionais famílias. O bisavô de Lili Lago, Luis Pereira Lago e o avô Luis Pereira do Lago Junior, foram deputados em diversos legislaturas no Estado do Maranhão. Nascido em 31 de Março 1911 em Buriti, fez as primeiras letras na sua terra, de onde partiu para Teresina-PI cursar o ginásio no emerito Instituto Demóstenes Avelino, fazendo só  até o 2º ano.
            Em Buriti, no exercer de ocupações, Lili Lago foi Tabelião Público do 2º Ofício e fundador da Escola Lili Lago, dedicando-se a formação educativa da juventude. Lili, foi também o primeiro agente nos Correios de Buriti. Casa-se em Outubro de 1944 com Letícia Faria Costa Lago, que fora sua aluna na escola que fundou, tendo originado do consócio os filhos: Carlos Rogério, Adhemar Wallace, Josélia Maria, Getúlio Roosevett e Aristóteles Lincoln Lago, Aristotelino Carvalho Júnior e Allan Acásio.
             Desejando recidir em São Luis, deixa sua terra no ano de 1948. Na capital ocupou os cargos de Secretário e Chefe de Gabinete de diversos prefeitos, chegando a ser em um deles presidente da Comissão de Abastecimento de Preços do Maranhão.
              Desde jovem dedicou-se aos estudos de direito, adquirindo o status de advogado provincionado, tendo assim exercido o ofício nas Comarcas de Buriti, Coelho Neto e Chapadinha. Político, foi getulista no Estado Novo, e sempre militando no PDT.
                 Em vida teve publicado no ano de 1990, o livro “ Meu Baixo Sertão ”,  obra poética dividida em três partes, “ Folclore de Salão”; “ Miscelânia ” e  “ Memórias de minha Infância ”. O livro escrito em  versos de rimas leves e transparentes, cheio de humor, inreverência e saudosismo, o poeta  Lili  descreve as suas vivências  buritiense, com os  episódios da infância e juventude, o cotidiano e a cultura da gente simples de sua terra,  as histórias e os causos; a natureza da chapada, os riachos e morros.
                  Lili Lago  quando organizava  em Buriti o lançamento de  “ Meu Baixo Sertão ”, na noite de 30 de Março de 1990, foi  acometido de um ataque cardíaco fulminante,  que lhe ceifo  a vida. Faltava poucas horas para o poeta completar seus  79 anos,  e dos convites para o lançamento já terem sido enviados aos  amigos e conterânios.  
                 José Moura, amigo saudosista de Lili, também editor de  “ Meu Baixo Sertão ”, pelo SIOGE, confidência  que Lili Lago era um amigo e uma figura humana  formidável. Moura pretendia publicar uma outra obra poética de Lili, mas que após sua morte devolveu o original para a família do poeta. Porém,   como um legado cultural e literário para todos,  temos  em “ Meu Baixão Sertão ”, um testemunho autêntico de um bom poeta,  que lutou por  justiça e defendeu os pobres e trabalhadores, descrevendo em versos cândidos  os sofrimentos e a vida do povo de seu torrão natal. Um poeta cujo viver intenso, apaixonante,  se eternizou na poesia como um menino que nadou no riacho do Morro, catou piqui na chapada, fez grande amigos, bebeu cachaça à fole e  namorou as caboclas e mulatas da terra de Inácia Vaz.
 
Fonte: Vozes Poéticas dos Morros Garapesnes
 

sábado, 9 de novembro de 2013

POETA MOACIR VIANA

                          
              Raimundo Viana era uma criança retirante das secas do Ceará, juntamente com seus familiares, quando encontraram guarida no Boqueirão, centenário povoado e porto fluvial, no fértil vale do rio Parnaíba, no Maranhão. Jovem, Raimundo Viana, em visitas a cidade de Miguel Alves-PI, conheceu e enamorou Remédios Soares trabalhando nos comércios da tradicional família Rego. Casaram em 1933. Três anos depois, nasceu em 28 de Maio de 1936, seu primogênito Moacir. Após o nascimento do filho, Raimundo Viana recebe convite do comerciante Benedito Gonçalves Machado para trabalhar no povoado Garapa, distante 15 km do Boqueirão, passando a ser um dos seus vaqueiros.
               O menino Moacir Soares Viana cresceu na rua principal do Garapa, onde com as professoras do povoado aprendeu as primeiras letras. Chegando à adolescência seu pai consegue que o deputado Raimundo Bacelar lhe der oportunidades em São Luis, visando o continuar de seus estudos e trabalho para o filho. Na capital Moacir não teve muitas oportunidades com os Bacelar. Ele, porém, conseguiu estudar até a sexta série, e sobreviveu  arrendando um pequeno comércio de uma viúva amiga. Em São Luis ele aprende também tocar violão e deu vazão a sua arte poética. Na capital, em 1956, conhecendo uma moça, Sônia Santos, se casam, e logo volta a morar no Garapa, agora cidade Duque Bacelar. O casamento não dura muito. Separados Sonia volta para São Luis com um filho gerado do casamento. Moacir continuou a vida trabalhando como locutor nos altos falantes dos comércios da família Oliveira em Coelho Neto. Solteiro e artista festeiro, se dedica a boêmia e cabarés, declamando seus versos e tocando violão.
               No ano de 1966, o pai de Moacir desgostoso da vida social e política do antigo Garapa decidiu morar na cidade de União - PI , levando consigo toda a família. Nesta cidade Moacir organiza um comércio, trabalhando por conta própria. Nunca deixando sua arte de declamador e violeiro, se apresentava na frente de seu negócio e nas festas de União, acabando despertando paixão nas moças. Dentre elas, Jesus Gomes, que com seus olhos verdes, acaba despertando o coração do poeta. Eles se casam em 1968, gerando três filhos da relação. 
              Em 1971 a família volta para Duque Bacelar. Moacir mais amadurecido, tendo apoiou de membros da família Oliveira, é eleito vereador para o cinquênio de 1977 a 1981. Não conseguindo se reeleger no mandato seguinte, só retorna ao legislativo municipal nos mandados de 1993 a 1996; de 1997-2000 e de 2001 a 2004. Enquanto esteve na política, continuou atuando como artista e poeta. Declamava poemas nos eventos, nas serestas cantava e tocava seu violão. Atuou muito como locutor nas emissoras de rádio locais, onde foi um dos pioneiros do radialismo regional, apresentando o programa Forró da Saudade, na Rádio Tapuio.
           Moacir faleceu em 13 de Junho de 2002, sem deixar obra publicada. Uma perda para a cultura garapense, pois era possuidor de grande talento e autêntico espírito poético. Muitos de seus poemas ficaram manuscritos em folhas de cadernos comuns. Boa parte se perdeu.



terça-feira, 5 de novembro de 2013

POETA VILMAR MACHADO


                         

                                                       
              Neta de Benedito Gonçalves Machado, comerciante e político, que na década de 30 apregoava a criação do povoado Garapa em cidade, nasceu à menina Maria Vilmar Machado Vilar em 24 de Maio de 1948. Afligida aos oito meses por paralisia infantil, desde cedo sua mãe Euzamar Machado, buscando tratamento para sua filha primogênita, viajava com ela para longas temporadas no Rio de Janeiro. Na capital do Brasil, se hospedavam na casa da tia-avó, Maria Conceição Machado, na época Diretora Geral do Banco Brasil. Entre as sessões de tratamento contra a paralisia e recuperação de operações cirúrgicas, a menina Vilmar fora alfabetizada secretamente pela tia aos seis anos.
                  Em 1956, com oito anos, ela sofreu o doloroso golpe de perder a mãe Euzamar. Episódio que viera repercutir em toda sua vida e sensibilidade poética. A morte de Euzamar também afetou toda a família Machado, sendo uma das razões que levou sua avó Candoca Machado a voltar morar na cidade de Buriti, onde Vilmar passou a residir, começando ali seus estudos formais.
                  Na cidade de Buriti estudou no Grupo Escolar Antonio Faria de 1957 a 1960. Aos 10 anos de idade escreveu seu primeiro poema “O Sal”, começando sua produção poética. Enviada pelo pai Vicente Vilar para Grato, no Ceará, fez o Ginásio, estudando em escola de freiras. No Rio de Janeiro, também em escola dirigida por freiras, fez o Clássico na Escola Notre Dame. Formou-se em Direito pela UFPI, em Teresina, com distinção e louvor, em 1974. Logo depois, em 1975, de volta a sua terra, é eleita pela Arena a primeira mulher Prefeita de Duque Bacelar.
                  Como Prefeita trabalhou com afinco pela educação dos bacelarenses, fundando a Escola Euzamar Machado Vilar, de ensino técnico em Magistério, que se tornou uma instituição marcante na educação da cidade. Construiu a Praça Central, a Gruta de Pedras, compondo o Hino de Duque Bacelar em 1977. Elegendo seu sucessor em 1982, Vilmar Machado decidiu residir em São Luis, onde como educadora, a frente da Escola São Judas Tadeu, no bairro Turu, passou a educar as crianças e jovens da capital. Entretanto, nunca abandou politicamente sua terra natal e de contribuir culturalmente. Elegeu-se Vice-Prefeita na chapa de Francisco Carnaúba para o quadriênio de 1989-1992, e recentemente fundou o Grupo Folclórico Boi Majestoso, acompanhado de um bonito CD Musical com letras de sua autoria, em destaque a música “O Milagre do Vaqueiro Antenor” e “ Índia Ribeirinha ”, que exaltam a terra garapense, enriquecendo nossa cultura e cooperando na formação sociocultural da juventude.
                    Na sua vida inteira, em todas as terras que peregrinou para sua formação educativa e mesmo na prática da política, Vilmar Machado sempre se dedicou a produção poética. Muitas vezes escrevendo por encomenda de amigos e admiradores; outras pelo dom pulsando na sua alma, externando assim suas dores, questionamentos e conflitos internos de poeta diante da existência. Além de vasta produção de poemas e músicas, dedica-se também aos gêneros de crônicas e teatro. Suas peças, criativas, recheadas de humor e espiritualidade, são encenadas com sucesso pelos alunos da Escola São Judas Tadeu em São Luis.
                    Porém, essa Emily Dickinson garapense com diversas obras inéditas de peças, crônicas, músicas e poemas: belos, inteligentes e profundos; deve não só a publicação de seus textos a cultura garapense, mas como a cultura literária maranhense em geral.

FONTE: Vozes Poéticas dos Morros Garapenses